segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Periferia manda seu recado!

Nação,

Peço licença para continuar falando de política nesse espaço, afinal o momento pede.

Ontem a população paulista mostrou que os sinais de insanidade foram apenas um susto, mas que não se materializou, e o candidato que nada tinha a mostrar foi devidamente detonado nas urnas, aliviando a todos que temiam que o negócio ficasse ruço, mano!

Uma parte significativa, aquela que mais sofre pelo descaso do Estado, votou maciçamente no candidato do partido do povo, conforme mostra o mapa da votação.

Por outro lado, outra parte também significativa, mas representada majotariamente pelos que não necessitam tanto do Estado, votaram no candidato da situação, que governa SP há 17 anos e nada tem feito de efetivo para melhorar a vida da população, muito pelo contrário.

Quem precisa, votou no partido e no candidato que pode fazer. Quem não precisa, votou no de sempre, esperando que não façam nada mesmo, como a galerinha de Higienópolis, que proibiu a construção de uma estação de metrô na sua área para não ter que conviver com "gente diferenciada", lembram?

Pensem nisso quando forem definir quem vai governar a cidade nos próximos 4 anos. São Paulo precisa voltar a ser a casa de todos os paulistanos, e não apenas para quem não está nem aí para ela.

Votem certo.

Valeu!

Um comentário:

  1. Cidade Vermelha: Questão de humildade
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    Leandro Machado
    DE SÃO PAULO

    Dentro de um trem, fazendo campanha às 13h de um dia de agosto, José Serra ouviu o protesto de um passageiro: "Vem aqui às 18h para ver como a gente fica. Só vem aqui para ganhar voto".

    O episódio ilustra a incapacidade do tucano em convencer eleitores da periferia da cidade, que representam 40% do colégio eleitoral e onde seu partido vem perdendo constantemente.

    O candidato sempre lembra em seu programa eleitoral a sua origem humilde: filho de comerciante e antigo morador da Mooca -- hoje um dos bairros da zona leste com forte especulação imobiliária, com apartamentos que custam milhões, condomínios do tamanho de parques públicos e restaurantes que cobram R$ 60 o hambúrguer.

    É difícil para um morador da periferia enxergar em Serra a figura de um sujeito humilde. Quando almoça numa unidade do Bom Prato ou chuta uma bola num campo de terra em Ermelino Matarazzo, as imagens soam engraçadas e, muitas vezes, constrangedoras, tanto que viraram febre na internet.

    A tentativa de Serra em parecer integrante do "povão" não cola. Ele ainda é visto como um político ligado aos ricos, morador de Alto de Pinheiros, que anda de helicóptero e é aliado de Gilberto Kassab, que, entre outras coisas, proibiu o "sopão" para moradores de rua.

    Serra seria muito mais humilde se admitisse que sempre foi de classe média e que teve todas as oportunidades de estudo e trabalho, diferentemente do eleitorado que quer atingir. Um dos segredos do sucesso de Marta Suplicy na periferia vem justamente dessa sinceridade: ela não nega sua origem aristocrática, seus hábitos sofisticados nem tentou parecer o que nunca foi.

    Não que Haddad tenha perfil de periferia: ele vem de uma família de comerciantes bem-sucedidos, formou-se no Colégio Bandeirantes e depois foi para a USP.

    O petista emana uma aura de intelectual muito parecida com a de FHC, a meu ver. É aquele perfil de quem passou anos em gabinetes confortáveis, estudando na teoria os perrengues que vivo na prática e que, a cada dois anos, aparece no bairro pedindo meu voto como se soubesse mais de mim do que eu mesmo sei.

    LEANDRO MACHADO mora em Ferraz de Vasconcelos e é um dos editores do blog Mural, da Folha

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