Acompanhei o jogo pela Rádio Coringão, e depois vi um compacto com os melhores momentos, sendo isso o suficiente para constatar o óbvio: o Timão não jogou bem.
Aliás, o Corinthians não jogou bem nenhuma vez ainda este ano. Teve algumas atuações de destaque, mais por conta da vontade ou do dia iluminado de um ou outro jogador, mas atuação mesmo de equipe, ainda não vimos.
Não se pode ignorar o fato do adversário ser uma equipe que está merecendo respeito no atual campeonato. Tem uma defesa sólida, um bom conjunto e jogadores que sabem jogar. Não a toa estão em terceiro lugar.
Mas seja qual for o adversário, uma coisa comum é que eles jogam a vontade, com muito espaço, porque nosso poder de marcação está péssimo. Não temos pegada.Nossos jogadores marcam a distância, e quando chegam no adversário normalmente é fazendo falta, ou carrinhos que tem sido motivo de expulsões inclusive.
O gol de empate do Botafogo ilustrou muito bem isso. O jogador vem carregando a bola desde o meio campo, e na sua frente temos seis marcadores, que vão todos em linha caminhando para trás, oferencendo todo o espaço do mundo. Sem receber a marcação, o cara toca tranquilamente na diagonal para o atacante, que tem espaço para dominar, ajeitar o corpo e bater no canto.
Que é isso??!! Independente de entrosamento, ou mesmo de esquema tático, tem coisas que fazem parte dos fundamentos do futebol. Tem que chegar junto, porra!!!
E como disse uma vez o "filósofo" Murici, o futebol se resume a duas formas de jogo: com a bola e sem a bola.
Tudo bem que a prática recente do nosso amigo aí não lhe dá tanta moral, mas esse conceito está certíssimo. Ou seja, o time tem que saber o fazer quando está com a posse da bola, e quando ela está com o adversário, tem que saber como se defender para recuperá-la.
O Corinthians quando tem a bola não está sendo contundente. O time é lento, sem criatividade e sem variedade de jogadas. E quando a bola está com o adversário, o posicionamento está ruim, cheio de buracos, e, repito, sem a menor pegada.
Mano sabe disso. E se incomoda com isso. Resta saber o que ele vai fazer para corrigir. E se ele sabe como corrigir. Porque uma equipe se forma antes. Na cabeça do técnico ele desenha o que espera, e procura os jogadores que se encaixem naquele perfil, naquele esquema. Então, se o Mano indicou jogadores como Tcheco, abrindo mão do Douglas, ele deveria saber que não teria velocidade e criatividade.
Gosto do Tcheco, reclamei muito da atitude da Fiel em vaiá-lo, mas ele não é o meia dos meus sonhos. Douglas dava seus vacilos, mas é um jogador técnico, de toques refinados e visão apurada de jogo. Já Tcheco é um soldado. Jogador de esquema tático, cão de guarda, disciplinado. Bom jogador, útil, mas que não se pode esperar que irá desequilibrar uma partida.
Mano também não priorizou a formação da defesa. O capitão William passou a maior parte do segundo semestre do ano passado no estaleiro. Dá mostras visíveis que o fim de sua carreira está próximo. Chicão, nosso xerife, é bom jogador mas não é absoluto. Ninguém é. Então, a contratação de uma zagueiro para ser titular tinha que ser prioritário. Ficou um tempão na novelinha Henrique e Breno, e no final chegou Leandro Castan. Existiam outras opções, como o Rodrigo e o Alex Silva, que fechou com os bambis.
Outra mancada foi no ataque. Rodou, rodou, rodou, e no final temos Jorge Henrique, Dentinho e Ronaldo. E quando um deles não pode jogar, nossas esperanças tem que ser depositadas em.... Souza!
Ou seja, não tivemos reforço no setor responsável por fazer gols, a essência do futebol.
E o Ronaldo, que nos orgulha por vestir o Manto, também tem que ter em mente que a reciproca é verdadeira. Defender as cores do Corinthians é um privilégio, e além do mais, rende muito, mas muito dinheiro. Acho que ele está ganhando mais dinheiro hoje do que em qualquer fase de sua carreira, mesmo no auge. Então, meu amigo, dar dois ou três toques na bola, chutar uma vez a gol, não nos serve. Vai perder peso e ganhar mobilidade, porque não iremos endeusar quem não merece. Somos a Fiel. Somos justos. Mas não somos bobos.
Não vamos ser radicais, caçar as bruxas, mas a verdade precisa ser dita. Mano concordou com o desmanche no ano passado porque estava tomado pela soberba. Achou que montaria outra equipe facilmente. Não montou naquela época, e não montou durante a pré-temporada.
Agora terá que dar seu jeito e fazer essa equipe jogar bola.
Porque não dá para ficar tomando sufoco de timeco. Não podemos esquecer que o foco é a Libertadores, e quando a equipe vai mal contra adversários teoricamente mais fracos, a Fiel se arrepia ao imaginar como será diante dos rivais sul-americanos, muito mais perigosos.
Se vira Mano.
Valeu!
CORINTHIANS 1 x 1 BOTAFOGO-SP
Corinthians
Felipe; Alessandro, Chicão, Leandro Castán e Dodô (Edu); Jucilei, Elias, Tcheco (Ralf) e Jorge Henrique; Dentinho (Souza) e Ronaldo.
Técnico: Mano Menezes.
Botafogo-SP
Wéverton; Jonas, Cleiton, Leandro Amaro e Andrezinho; Rodrigo Pontes (Vinícius), Augusto Recife, Ademir Sopa e Xuxa (Washington); William e Ricardinho (Adriano).
Técnico: José Galli Neto.
Gols: Dentinho, aos 25, e William, aos 33 minutos do segundo tempo
Cartões amarelos: Jonas, Ademira Sopa, Rodrigo Pontes, Leandro Amaro (B).
Público: 9.298pagantes. Renda: R$ 327.615,00
Estádio: Pacaembu, em São Paulo (SP). Data: 04/03/2010.
Árbitro: Luiz Flavio de Oliveira. Auxiliares: Alessandro Pitol Arantes e João Edilson de Andrade.
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