Corinthians 0 x 2 Vasco. Fim do encanto e início da tragédia? Nem tanto!!

Nação,

Perdemos novamente. O que dizer nessa hora? Realmente, tá foda!

O time perdeu o encanto. Pelo menos é isso que pensamos ao ver uma atuação tão sofrível como a de ontem. Acabou o toque de bola, as jogadas em velocidade, as tringulações perfeitas, o domínio de jogo, o fôlego, a vontade, a raça.

Realmente tudo isso tem sido fato. Não podemos ignorar ou mascarar a realidade. Mas, o corinthianismo, sentimento único, faz com que uma dose trágica seja adicionada, ou melhor, se transforme ela na realidade.

Tem que ser céu ou inferno. Alegria ou tristeza. Nada mais trágico.

Isso nos faz esquecer alguns detalhes. Primeiro, os reais. O time está colhendo hoje o que plantou. Esse elenco foi formado a imagem a semelhança do nosso técnico anterior, o Mano, com o objetivo único de vencer a Libertadores.

Por conta disso, abdicou de qualquer outra disputa. E traçou um perfil de equipe que ele julgava a ideal para vencer aquela maldita competição. Jogadores experientes e rodados, para aguentar a pressão. Poderia ter dado certo, mas não deu. Porque não importa qual seja a competição, o que define quem ganha é o futebol. O melhor futebol leva, simples assim.

Então, a prioridade deveria ter sido contratar bons jogadores, em todas as posições, sobretudo nas mais carentes. Não foi feito isso. Vieram jogadores de qualidade, mas com tempo de validade pela idade, e não em todas as posições. Tínhamos desde o início carência na zaga e no ataque, e de um meia de armação, e no entanto, trouxemos um monte de volantes. No meio do caminho, surgiram Bruno César, suprindo a meia, e Jucilei e Ralf, melhorando a qualidade do combate. Mas não vieram fruto do planejamento inicial, e sim da necessidade que se escancarou já durante a Libertadores.

Saímos do torneio, e tínhamos a chance de arrumar o time para a disputa do Brasileirão. Novamente, nada foi feito. Ronaldo no estaleiro eterno, a torcida suplicando por um atacante, e a diretoria deu de ombros, mantendo o inútil Souza, e descarregando toda a esperaça na dupla Dentinho e Jorge Henrique. Eles não são de ferro, e se não fosse o quebra-galho Iarley, a situação hoje seria pior ainda.

Esses são os fatos reais. Nos preparamos mal para um torneio longo, perdemos o técnico que conhecia e sabia lidar com a equipe, apostamos num técnico que pode ter futuro mas no presente só fez lambanças, e a conta por tantos jogadores velhos e limitados está sendo cobrada no momento decisivo do campeonato.

Agora vamos enxergar outra realidade, sem o componente trágico.

A partida de ontem estava sendo vista como uma espécie de "reserva de pontos". O time caindo pelas tabelas, mas parecia ter aqueles três pontinhos ali guardados, que ao conquistá-los, tudo seria resolvido e voltaria ao normal.

Ora gente, é duro aceitar, mas o normal, mesmo quando o time estava tinindo, era perder fora. Porque tem sido assim desde o início do campeonato. Porque justo agora ganharíamos?

Porque precisávamos e temos que acreditar sempre nisso. E tínhamos condições, lógico. Mas não podemos encarar a derrota como o fim de tudo, por mais que nosso coração e os últimos dias nos apontem para isso.

Perdemos para um adversário que jogou sua melhor partida no campeonato, nas palavras do próprio treinador e dos jogadores. Nosso erro foi de não ter evitado isso, que seria simples, bastava um melhor posicionamento tático, anulando as principais peças do adversário. Não fizemos isso, e deixamos Felipe, contestado, e Zé Roberto, conhecido por "zé boteco" saírem consagrados, além do Éder Luiz, depois de ontem postulante a titular da Seleção.

Mas aconteceu porque estamos sem técnico. E isso dá, e tem que ser corrigido. Faltou vontade, aparentemente, mas foi mais fruto de nervosismo e falta de confiança. Algo que também se corrige fácil, basta acontecer uma coisinha simples: resultado.

E a derrota também tem que ser creditada a um erro clamoroso da arbitragem. O primeiro gol o jogador estava 30 centímetros impedido, na linha do bandeirinha. Se fosse a nosso favor, hoje as manchetes seriam: Timão vence com gol irregular. Como é contra, não tem nem nada, no máximo uma observação no meio do texto, praticamente despercebida.

Não podemos deixar esse lado do sentimento trágico esconder esse tipo de coisa, pois senão seremos roubados impiedosamente até o fim do campeonato, e aí, não tem ânimo ou futebol arte que resista.

Resumindo, os nossos problemas são visíveis, os erros cometidos no planejamento da equipe são imperdoáveis, mas ainda dá para recuperar e pensar em título. Não podemos jogar a toalha e ficar sentado na calçada chorando.

Continuar lutando, jogando, e aproveitar o restante do campeonato para tentar o título, mas principalmente já pensar a equipe para o próximo ano, sem os equívocos cometidos nesse.

Ficou grande a mensagem, talvez confusa, mas o que considero fundamental, e isso que estou tentando passar é que temos que olhar a realidade sob todos os ângulos, e não apenas naquele que mais nos faz sofrer. Estou tão revoltado e puto como qualquer outro corinthiano, mas não vamos transformar isso no combustível para nos destruir mais rápido, como quer a imprensa podre e os nossos rivais.

Aqui é Corinthians, e superação também é nosso sobrenome.

Valeu!

VASCO 2X0 CORINTHIANS

Fernando Prass; Irrazábal, Cesinha, Dedé e Carlinhos (Renato Augusto); Rafael Carioca, Jumar, Fellipe Bastos (Allan) e Felipe; Zé Roberto (Jonathan) e Eder Luis.	Julio Cesar; Alessandro (Boquita), Chicão, William e Roberto Carlos; Paulinho, Jucilei, Elias (William Morais) e Danilo; Iarley e Souza (Defederico).
Técnico: PC Gusmão.	Técnico: Fábio Carille.
Gols: Zé Roberto, aos 10, Eder Luis, aos 21 minutos do primeiro tempo.
Cartões amarelos: Jumar (VAS); Chicão, Jucilei, Paulinho, Boquita (COR).
Público: 9.285 pagantes. Renda: R$ 207.070,00.
Local: São Januário, no Rio de Janeiro (RJ). Data: 13/10/2010. Árbitro:Sandro Meira Ricci (DF). Auxiliares: Roberto Braatz (PR) e Enio Ferreira de Carvalho (DF).